D. António Barroso
O grande bispo missionário e defensor da liberdade da Igreja D. António Barroso vai ter homenagem pública no Porto, com a colocação de uma obra escultórica no largo 1º de Dezembro, bem perto da igreja de Santa Clara da paróquia da Sé.
Na linha de grandes figuras da Igreja do Porto, agigantou-se este Bispo, tendo, como outros, sofrido ataques, calúnias e dois exílios. Está em curso "a homenagem" da Igreja universal uma vez que foi aceite a introdução da causa de canonização e ocorrerá em breve a "homenagem pública" com a inauguração de um monumento feito pelo escultor José Rodrigues. Tudo isso permitirá que se conheça melhor a grande obra que realizou como missionário em Angola, Moçambique e na Índia, e depois como Bispo na diocese do Porto.
Nascido em Barcelos, em 1854, estudou no Seminário das Missões de Cernache do Bonjardim, foi ordenado em 1879 e em 1892 como Bispo. Foi de sofrimentos o fim da vida, com dois exílios, mas não deixou, mesmo assim, de acompanhar a Diocese com um exemplar zelo de pastor
Anúncio e convite à diocese do Porto, às instituições religiosas, às obras e movimentos de apostolado, ao povo em geral
Homenagem a D. António Barroso, Bispo do Porto
Ocorre no dia 2 de Agosto deste ano de 1999 o primeiro centenário da entrada solene de D. António Barroso como Bispo do Porto. Entendeu a Diocese que esta efeméride não devia passar despercebida, mas antes, seria ocasião propícia para prestar ao seu Pastor, na viragem deste século, condigna homenagem.
D. António José de Sousa Barroso era já, ao entrar no Porto, uma figura nacional, com fama de grande missionário e grande patriota. De origem minhota, da freguesia de Remelhe, concelho de Barcelos, foi padre missionário por vocação. Formado no Seminário das Missões (Cernache do
Bonjardim), distinguiu-se na Missão de S. Salvador do Congo, Angola, e, posteriormente, como Prelado de Moçambique e Bispo de Meliapor, na Índia.
A transferência para o Porto, aparecendo como justa recompensa de elevados serviços à Igreja e à Pátria, não foi por ele assumida como merecido repouso. D. António retomou aqui o seu método de "andarilho missionário", doutrinando, convivendo, visitando pastoralmente, estimulando a piedade cristã, suscitando e amparando obras sociais.
Com dotes de inteligência, cultura e comunicação fácil, de carácter enérgico, activo, corajoso e serenamente forte, a sua personalidade impôs-se no país ao respeito de todos, a quando das vicissitudes da chamada "questão religiosa", suscitada pela Primeira República.
Ao fim de dezoito anos de governo pastoral, a sua bondade evangélica torna-se legendária. Os pobres são os seus amigos preferidos. Amou profundamente o Porto. Dizia que era "a melhor gente do mundo". Foi, no início deste século, segundo os parâmetros e valores da época, uma das grandes figuras do Porto - espiritual, social e eclesialmente.
A sua memória nunca foi esquecida. Provam-no a Capela-jazigo no cemitério de Remelhe, erguida por subscrição pública, logo após a sua morte; o I Congresso Missionário Português, em Barcelos, no ano 1931; a sua estátua imponente no centro de Barcelos; os painéis de azulejo com cenas da sua vida missionária, no Seminário de Cernache do Bonjardim (hoje, da Sociedade Missionária da Boa Nova); as romagens ao seu túmulo dos "Amigos de D. António Barroso", através dos anos, até aos nossos dias; a fama persistente de santidade, que levou a Diocese do Porto a introduzir o seu processo de canonização, em 1993, e que está em curso nas instâncias do Vaticano.
A cidade do Porto ainda não possui uma memória evocativa à altura deste cidadão ilustre e Bispo exemplar. Projecta-se dedicar-lhe essa memória evocativa em lugar significativo da cidade. Prepara-se um programa de homenagem, que a seu tempo será anunciado.
Temos, pois, a honra de convidar V.ª Excia e as várias Instituições eclesiais a aderir e associar-se a esta iniciativa, através da participação nos actos comemorativos, da ajuda material a concretizar-se em subscrição pública, e da prece espiritual a Deus para que D. António Barroso - "o santo bispo missionário" - seja um dia elevado às honras dos altares.
Porto, 19 de Janeiro de 1999
D. Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto
D. João Miranda Teixeira, Bispo Auxiliar do Porto
D. Júlio Tavares Rebimbas, Arcebispo-Bispo emérito do Porto
D. Manuel da Silva Martins, Bispo emérito de Setúbal
P. Manuel Jerónimo Nunes, Superior Geral da Sociedade Missionária Portuguesa
Cónego António dos Santos, Vigário Geral da Diocese do Porto
Cónego Dr. António Godinho de Lima Bastos, Vigário Geral da Diocese do Porto
Cónego Dr. António Maria Bessa Taipa, Vigário Geral da Diocese do Porto
Cónego Doutor Ângelo Alves, Vigário Judicial
Cónego Doutor Alfredo Leite Soares, Vigário Judicial Adjunto
P. Domingos da Costa Monteiro Oliveira, Vigário Episcopal
P. Celestino de Oliveira Félix, Vigário Episcopal
P. Joaquim Azemiro de Sousa Oliveira, Vigário Episcopal
P. Manuel Henriques Ribeiro, Vigário Episcopal
Cónego Dr. Marcelino António Cunha Ferreira, Presidente do Cabido Portucalense
Cónego Dr. Raimundo António Castro Meireles, Membro da Comissão Executiva da Homenagem
Dr. José Ferreira Gomes, Vice-Postulador da Causa de Canonização de D. António Barroso
Prof. Doutor Francisco Carvalho Guerra, Presidente do Centro Regional do Porto da Universidade Católica Portuguesa
Cónego Prof. Doutor Arnaldo Cardoso de Pinho, Director da Faculdade de Teologia - Centro Regional do Porto UCP
P. Doutor Jorge Teixeira Cunha, Reitor do Seminário Maior do Porto
Monsenhor Manuel Ferreira Araújo, Arcipreste de Barcelos
P. Dr. Gabriel da Costa Maia, Pároco da Sé - Porto
P. Dr. Adílio Barbosa de Macedo, Pároco de Remelhe - Barcelos
José Barroso Castelo Grande, Representante da Família de D. António Barroso
Eng. Francisco de Nápoles de Almeida e Sousa, da Associação Industrial Portuense
Em nome de todos os que subscrevem,
Armindo Lopes Coelho, Bispo do Porto