J. Antunes
Chegaram os salesianos a Moçambique, pela primeira vez, no dia 26 de Fevereiro de 1906, tendo assumido a 11 de Março a direcção da Escola de Artes e Ofícios, na Ilha de Moçambique. Infelizmente a sua permanência foi de pouca duração dado que a Revolução de 5 de Outubro de 1910 interrompeu o trabalho das Ordens e Congregações Religiosas. Também os salesianos sofreram deste clima hostil, sendo expulsos no ano de 1913. Hão-de voltar a Moçambique em 1952 para tomar conta do Instituto Mousinho de Albuquerque, na Namaacha. Há bem pouco tempo, celebraram condignamente o cinquentenário da sua presença, nesta segunda fase de estadia em Moçambique.
A história
D. António Barroso, Prelado de Moçambique, de visita à Itália, deslocou-se a Turim para se encontrar com o sucessor de Dom Bosco, P. Miguel Rua, tendo recebido a garantia de que, logo que fosse possível, lhe seria enviado um grupo de salesianos. Depois de porfiadas tentativas, em Junho de 1896, escreve ao P. Miguel Rua que seria grande satisfação para ele ver os filhos de Dom Bosco "que tão brilhantes serviços têm prestado na América, a abrir uma Missão em Moçambique onde eles poderiam encontrar um largo campo para pôr em prática o fervor cristão e o seu zelo humanitário".
Muitos outros contactos se sucederam. Os anos foram passando sem que a tão almejada expedição missionária se concretizasse. Esta, efectivamente, só aconteceu mais tarde, em Fevereiro de 1907, devido à tenacidade e ao zelo apostólico e missionário de D. António Barroso.
Quando os salesianos, em 1952, regressam pela segunda vez, o Arcebispo de Lourenço Marques, Cardeal D. Teodósio Gouveia, não só lhes prepara o caminho para entrarem no Instituto Mousinho de Albuquerque como lhes pede para que aceitem a Missão de S. José de Lhanguene, curiosamente fundada em 1892 por D. António Barroso.
Uns semeiam, outros recolhem. D. António Barroso foi o semeador. Lutou muito, insistiu ainda mais. E hoje constata-se, felizmente, que as sementes frutificaram pela bênção deste santo bispo missionário. De facto, ao longo dos anos o carisma de Dom Bosco inculturou-se neste país. Nele trabalham 49 salesianos de 13 nacionalidades. Entre estes, alguns moçambicanos.
Como dívida de gratidão os salesianos estão construir um centro paroquial com o seu nome - D. António Barroso - na paróquia por ele fundada, S. José de Lhanguene, no contexto da celebração do cinquentenário da sua chegada a Moçambique, pela segunda vez.
Formar "honestos cidadãos e bons cristãos" foi o lema de Dom Bosco e é o lema dos seus continuadores. D. António Barroso ao ter sido a causa da ida dos salesianos para Moçambique é de certa maneira o artífice da concretização deste lema em tantas gerações de jovens moçambicanos educados segundo os princípios de Dom Bosco.
Que este santo Bispo, no Céu, continue a velar pela sua obra!